sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Investimentos das estatais no primeiro semestre são os maiores dos últimos 10 anos


Os investimentos das estatais no primeiro semestre foram os maiores dos últimos dez anos. Entre janeiro e junho as empresas estatais aplicaram R$ 20,1 bilhões, cerca de 35% a mais que no mesmo período do ano passado. Apenas o Grupo Petrobras investiu R$ 18 bilhões, ou seja, 89% de toda a verba desembolsada no primeiro semestre. Os investimentos das estatais também foram 68% superiores a média dos primeiros seis meses de 1999 a 2007, calculada em R$ 12 bilhões, em valores atualizados – já desconsiderados os efeitos da inflação.


Para se ter uma idéia, a quantia aplicada pelas companhias estatais é 115% maior que os investimentos realizados no mesmo período desse ano pela União, incluindo os órgãos dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário). A diferença é de R$ 10,8 bilhões. A proporção é ainda mais desigual quando comparada ao PAC “orçamentário” (obras e projetos do programa que podem ser acompanhados no Orçamento Geral da União por meio do Siafi, excluídas as estatais e empresas privadas). A administração direta federal aplicou R$ 4 bilhões no pacote econômico no primeiro semestre, valor cinco vezes menor que os investimentos globais realizados pelas estatais.


Conforme dados divulgados ontem por portaria do Ministério do Planejamento, o orçamento deste ano autorizado para as estatais, no patamar de R$ 62,9 bilhões, prevê recursos para a execução de obras e serviços em 364 projetos e 272 atividades. No bimestre maio e junho, foram aplicados R$ 6,7 bilhões, o que equivale a 11% do orçamento global. Já nos quatro meses anteriores (janeiro a abril), o valor investido pelas estatais foi de 21,3% do montante anual previsto. Entre janeiro e fevereiro, os investimentos somaram R$ 5,9 bilhões, já nos dois meses seguintes, março e abril, chegaram a R$ 7,6 bilhões.


O mais novo recorde de aplicações semestrais é referente às programações de 67 empresas estatais, sendo 58 do setor produtivo e 9 do setor financeiro e de seguros. Das empresas do setor de produção, 16 pertencem ao Grupo Eletrobrás – que desenvolvem atividades de pesquisa, geração, transmissão, distribuição urbana e rural e comercialização –, 20 ao Grupo Petrobras e as 22 restantes estão agrupadas em demais empresas como, por exemplo, no setor de administração portuária, em serviços postais ou no desenvolvimento e administração da infra-estrutura de aeroportos.


Apesar da evolução expressiva de investimentos, o crescimento não foi satisfatório para fazer as aplicações atingirem o patamar considerado ideal. O montante investido pelas estatais representa 32% do capital autorizado para 2008. Se o ritmo continuar assim até dezembro, ao final do ano as empresas do Estado deverão ter aplicado R$ 48,3 bilhões, ou seja, 77% dos recursos autorizados.


Do montante desembolsado com investimentos este ano, 80% foi financiado com recursos das próprias empresas. Em relação à dotação anual autorizada em orçamento, os recursos próprios equivalem a 86,4%. Vale lembrar que os investimentos das estatais são responsáveis por uma parcela significativa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), programa federal que alia investimentos públicos e privados. Dos R$ 503,9 bilhões previstos para serem investidos em infra-estrutura no país entre 2007 e 2010, R$ 436,1 bilhões são decorrentes de empresas estatais e da iniciativa privada.


Investimentos vultosos


No terceiro bimestre deste ano, 36 programas federais foram contemplados com investimentos. O destaque foi para o setor petrolífero por aplicar até junho R$ 17,3 bilhões divididos entre 10 empresas estatais. Alguns programas no setor petrolífero se destacam não apenas pelo volume dos recursos, como, também, pelo nível de execução. A oferta de petróleo e gás natural, por exemplo, representa 49% do gasto total já realizado. Já a atuação internacional na área de petróleo compôs quase 13% do total aplicado.


Ao Ministério de Minas e Energia (MME) estão vinculados 89% do montante previsto em investimentos das estatais. O órgão é responsável por uma verba no valor de R$ 56,1 bilhões. Deste total, o ministério aplicou R$ 19,4 bilhões (quase tudo realizado pelo Grupo Petrobras), o equivalente a 34,6% da programação anual das empresas vinculadas ao ministério.


Na seqüência, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento cumpriu 16,5% da sua programação. Dos R$ 17,8 milhões previstos para ações de empresas vinculadas à pasta, R$ 2,9 milhões foram aplicados. Por sua vez, o Ministério da Previdência Social cumpriu com 16,4% do orçamento previsto para 2008, no patamar de R$ 60 milhões. Já o Ministério da Fazenda aplicou 15,5% do total disponível para o ano, que consiste em R$ 3,1 bilhões. Os demais ministérios apresentaram desempenhos abaixo de 10% sobre as respectivas dotações.


Fonte: Contas Abertas

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