terça-feira, 12 de agosto de 2008

Celso Amorim propõe reunião em setembro para salvar Rodada de Doha

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, incentivou os principais protagonistas das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) a voltar a se reunir "em meados de setembro, em Brasília ou em outro lugar", para salvar a Rodada de Doha do fracasso definitivo.

Em entrevista publicada hoje pelo jornal francês "Le Monde", Amorim afirma que ainda "resta uma pequena oportunidade de concluir a Rodada de Doha", apesar do fracasso da longa reunião ministerial realizada em Genebra no final de julho.

Segundo o ministro, "o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem a intuição de que ainda existe uma pequena oportunidade de concluir as negociações", que buscam uma maior liberalização do comércio mundial em benefício dos países menos desenvolvidos.

"Quer mobilizar os líderes mundiais, explicar os benefícios que a humanidade obteria e convencê-los para que se reúnam ou dêem a suas delegações ordens firmes, a fim de concluir" a Rodada de Doha.

"Não será sem dor para todos", adverte Amorim, "mas é preciso agir com rapidez, se encontrar a partir de meados de setembro, em Brasília ou em outro lugar, antes que os fatores políticos que já influem - os desafios eleitorais nos Estados Unidos e a Índia - interfiram ainda mais".

"Estivemos tão perto de um acordo", acrescenta o ministro brasileiro, "que os responsáveis políticos podem desbloquear a situação".

"Com a autoridade de alguém que superou tantos obstáculos na vida, o presidente Lula pode convencê-los", afirma Amorim, que lembra, na entrevista, que o presidente brasileiro já falou do assunto com o líder americano, George W. Bush.

Também diz que Lula falou com o dirigente chinês, Hu Jintao, e deve telefonar para o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, e manter contatos com indonésios e australianos.

"Se retomarmos rapidamente as discussões, é provável que continuemos onde ficamos, mas, se a retomada ocorre dentro de dois ou três anos, temo que novos cálculos e reflexos protecionistas tenham tempo de colocar em questão tudo o conseguido", argumenta Amorim.

"Tenho muitas dúvidas, por exemplo, sobre o acordo alcançado acerca da banana", diz.

"Estamos convencidos de que o sistema multilateral é essencial no mundo de hoje e que os acordos bilaterais não são uma boa solução. A OMC tem seus defeitos, mas funciona bastante bem", afirma Amorim.

Segundo o ministro, "a ausência de acordo afetará, sobretudo, os países pobres, porque as subvenções e as barreiras tarifárias são pagas em vidas humanas, em privações para várias populações e em atraso de desenvolvimento para certas nações", adverte o ministro.

Fonte: EFE - Paris

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