sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O varejo e as peculiaridades brasileiras no cenário da crise

Em entrevista à Agência Sebrae de Notícias (ASN), Roque Pelizzaro Jr, presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, diz que a empregabilidade é fator decisivo para enfrentamento da crise

O ano de 2009 será de turbulência, mas o Brasil deve atravessar a tempestade em boas condições, se não faltar emprego. A reforma trabalhista é a mais importante e urgente para o País, neste momento. Tão estratégica e prioritária que a reforma tributária pode esperar. A flexibilização da legislação trabalhista poderá apoiar a manutenção e geração de empregos, neste momento. O mercado interno brasileiro é fundamental no enfrentamento dos efeitos da crise internacional e depende totalmente da capacidade de consumo dos assalariados.

Nesse cenário o comércio varejista é um dos principais aliados do mercado interno e da economia para amenizar os efeitos internos da crise internacional. O setor está presente em todos os municípios brasileiros, sendo que as grandes redes varejistas estão em cerca de 350 deles. No restante, as empresas do setor são de pequeno e médios portes. Essa é uma característica do varejo no Brasil.

A família brasileira foi a locomotiva do crescimento econômico nacional, nos últimos anos. O contínuo desenvolvimento do mercado interno e do varejo é fruto do aumento do poder aquisitivo das famílias brasileiras. O mercado interno é o grande diferencial vantajoso da economia brasileira em relação aos países mais atingidos pela crise financeira e econômica internacional. Poderá ser o responsável pelo reposicionamento do País no mercado mundial no ciclo pós-crise.

Grandes redes atacadistas internacionais estão sendo atraídas ao Brasil, devido às características e peculiaridades do mercado interno. Diferentemente dos Estados Unidos e países europeus, onde empresários dependem do sistema financeiro e das bolsas de valores para se financiarem, o comércio varejista brasileiro possui alternativas próprias. O setor se autofinancia por meio de cheques pré-datados, carnês etc.

As constatações e recomendações são de Roque Pelizzaro Jr, presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL). Pelizzaro falou à ASN horas antes de o Comitê de Poilíticas Monetária do Banco Central (Copom) reduzir a taxa Selic em 1%, na quarta-feira (21). Ele e outros presidentes de entidades setoriais parceiras do Sebrae estão sendo ouvidos na segunda rodada da ASN sobre os efeitos da crise internacional, até o momento.

ASN - Como foram os negócios do setor varejista em 2008?

Pelizzaro Jr - Ninguém pode reclamar de 2008. Apesar do final do ano, quando houve uma desaceleração, os números foram muito bons. Os efeitos da crise não chegaram ao Brasil como nos países desenvolvidos. A média anual de crescimento do varejo brasileiro, no ano passado, ficou acima de 9%, comparada com 2007. A empregabilidade do setor também aumentou. Só em dezembro, caiu um pouco.

ASN - Falta crédito para o setor de varejo?

Pelizzaro Jr - Nosso varejo sempre ficou longe do crédito. Devido a falta dele, os empresários do varejo construíram as próprias alternativas. Os lojistas são responsáveis pelo crediário dos estabelecimentos. Nos Estados Unidos, o varejo depende de crédito e do sistema financeiro, não existe crediário próprio. Aqui no Brasil todo varejo aceita cheque pré-datado, carnês, entre outros. O SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) foi criado pelos lojistas para ser uma ferramenta de consulta e garantia, no momento em que concedem o crédito direto ao consumidor. Leia mais na Agência Sebrae de Notícias (ASN) - http://www.agenciasebrae.com.br/.

Fonte: Agência Sebrae de Notícias (ASN)

Nenhum comentário: