quarta-feira, 30 de julho de 2008

Brasil fez tudo o que pôde para ter acordo, diz Amorim

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defende que o Brasil "fez tudo o que pôde", inclusive deixar de lado exigências que poderiam ser de seu interesse, para ajudar a fechar um acordo na Rodada Doha, cujo fracasso foi anunciado nesta terça-feira, depois de mais de uma semana de negociações.

"Se há um país que está fora desse jogo de culpa (pelo fracasso), esse país é o Brasil", afirmou o chanceler em entrevista coletiva ao final da última jornada de negociações na sede da Organização Mundial do Comércio (OMC).

"O Brasil fez tudo o que podia para permitir esse acordo, inclusive abriu mão de interesses que eram seus. Estávamos dispostos a ceder mesmo em um tema que é de nosso interesse, como as salvaguardas", disse.

Grande exportador de produtos agrícolas, o Brasil teria como lógica alinhar-se com Uruguai e Paraguai, seus sócios no Mercosul, contra a exigência da Índia de melhorar o chamado mecanismo de salvaguarda, que garantiria proteção aos mercados contra aumentos acentuados nas importações de alimentos. "Mas eu disse que o que os Estados Unidos acertassem com a Índia eu aceitaria", o ministro assegurou.

Responsabilidades
Antes do início das reuniões, Amorim chegou a cobrar responsabilidade dos outros negociadores e pediu que parassem de trocar acusações e assumissem os riscos em nome de um acordo final para a Rodada Doha.

Em meio ao impasse, propôs que a composição do chamado "Grupo dos Sete" fosse modificada para tentar explorar novas posições que sugerissem outras alternativas para a crise.

"É um absurdo que tudo tenha acabado por uma questão de números (que definem as condições para a aplicação das salvaguardas). Acho que podíamos ter tentado outro time, quem sabe outros jogadores funcionariam melhor", lamentou.

Na avaliação do ministro, o pacote que estava sendo debatido era "positivo para o comércio mundial e para o Brasil, mas seria especialmente bom para os países mais pobres".

Futuro

Amorim considera que o tempo que as negociações permancerem paralisadas a partir de agora será determinante para o futuro da rodada. Alguns países sugeriram que as discussões sejam retomadas em setembro, mas a proximidade das eleições americanas, em novembro, dificultaria o processo.

"Depois disso vêm as eleições européias, depois é a Índia que entra em processo eleitoral e logo, o Brasil. A vida evolui, não pára. Dentro de um mês todos estarão pensando em outras prioridades, como a mudança climática ou acordos bilaterais", justifica.

Enquanto isso não volta a evoluir, o Brasil deverá tentar retomar as negociações para um acordo de associação com a União Européia, paralisadas à espera de um resultado em Doha.

Fonte: BBC Brasil.com

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